A voz de Deus

Muito perto está o fim para os que não ouvem a voz do Senhor. Muito perto está o fim bem mais perto do que a doentia mente humana pode imaginar. Mas não o fim do mundo: o fim do homem como indivíduo; um ser preso dentro de sua insignificância sem a mínima vontade de sair para a eternidade.

Mas a eternidade, ao contrário do que se possa imaginar através de limitações psicológicas e crenças distorcidas por mentes insanamente preparadas para tal, não está mais além do que os olhos podem enxergar, porque a eternidade pode até mesmo ser palpável para quem sabe ouvir a voz de Deus.

A voz de Deus pode ser mais forte que o trovão ou mais mansa que a brisa que sopra sobre o outeiro por entre as flores da relva em tarde fresca de primavera; a voz de Deus endireita o homem que nasceu torto e entorta o homem que passa a vida em busca de prumo; a voz de Deus dá ensinamento e sabedoria ao passo que pode confundir a mente dos inimigos dos seus filhos; a voz de Deus cura a alma dos aflitos, mas também corta a alma como raio quando cai do céu, ou como espada preparada para a batalha em campo aberto.

A voz de Deus é como uma mão que se estende para levantar o caído, contudo, poderá ser punho fechado contra o planejador de maldades que espreita o puro de coração, ou sua mulher, ou sua filh, ou sua casa, ou seu trabalho, ou seu pão, ou seu lucro, ou seu ganho, ou sua vinha, ou seu vinho, ou seu bocado, ou sua terra, ou seu coração, ou sua alma, ou sua vida.

A voz de Deus é pluma macia acariciando a pele que descansa, entretanto pode ser martelo batendo o malho para endireitar o ferro sobre a forja conforme a Sua Única vontade; conforme todo o Seu Poder; conforme o Seu incomparável Entendimento; conforme a Sua Vontade de fazer o que bem quer, no momento em que bem entender, da maneira como BM achar por direito, do modo como bem acreditar que melhor seja, porque assim é o Senhor Deus dos exércitos.

Bem aventurado é o homem que sabe ouvir a voz de Deus. Grande se tornará o homem que souber repetir as palavras que saem da Boca do Senhor, mas não como pássaro que repete palavras, mas como homem que ouve, entende, planta no fértil solo do coração e deixa os frutos à boca de quem fala, e aos ouvidos de quem ouve.

Poderoso entre os homens se tornará o homem que puder dizer: “Eis que ouço a Sua Voz e a planto no fértil solo do meu coração, porque esta é a Vontade do Todo Poderoso, que os céus e a terra fez conforme a Sua Sabedoria; conforme o seu Entendimento a tudo e a todos criou”.

Entretanto, poderoso e bem aventurado entre os homens será aquele que puder dizer: “Eis que ouço Suas palavras, e tais são as tuas falas conforme desenham a minha boca, porque dela emana o mel dos teus ensinamentos, e a sabedoria infinita da Tua Ciência, Deus de mistérios”.

O fim dos que não ouvem a voz de Deus é como o vulto que se propaga movimentando-se em busca de assassínio no meio da noite, pois os seus pensamentos são de pecado, e as suas ações são de morte. Não busca o bem dos que o rodeiam, quer apenas o mal, até mesmo, da própria parentela, porque deste modo é aquele que não ouve a voz de Deus.

O fim dos que não ouvem a voz de Deus é pranto para os familiares; tristeza aos ouvidos do pai; angústia, dor e sofrimento para o seio da mãe; ranço, saudade e nostalgia para os olhos da irmã; ódio, frustração e desespero para o peito do irmão.

Os que não ouvem a voz de Deus, e eis que Ele fala a todo instante, de todas as formas entendidas, são como folhas secas caindo do mais alto galho, desligando-se do tronco-pai, indo para onde o vento levar, caindo no meio da sega, entre os restolhos da seara, no meio da palha, até que o fogo venha e a tudo consuma, deixando para trás o seu rastro de destruição, pó e cinza, para que o ciclo natural dos acontecimentos, faça a roda rodar novamente. Amém.

Pimenta Bueno, 20 de outubro de 2009