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terça-feira, 1 de julho de 2008

Só Pensando: "O Sonho"


Havia um grande e gordo pedaço de carniça, daqueles desgraçadamente fedorentos e cheios de verme rodeado de urubus, cada um puxando para um lado. Bem no meio do Encontro dos Rios, onde a forquilha começa o Machado, em Pimenta Bueno. A tal carniça plantada neste ponto geográfico mencionado chegou a ser despedaçada em quatro partes, uma gorda, uma forte composta de músculos, uma suculenta e outra magra. Mas os mistérios da ‘natureza’, como não podia deixar de ser, fez juntarem-se os pedaços suculento ao gordo, de forma que o pedaço gordo se tornou suculento, o forte continuou na mesma e o magro mais magro.

E como rege a Lei Natural da Floresta Amazônica, os urubus responsáveis por ‘limpar a carniça’, faltaram se engalfinhar em bicadas e esporadas. Os mais fortes bicaram os mais fracos que revidaram com esporadas; mas uma lei geral permaneceu: os urubus maiores sufocaram os menores em cima da carniça. Os urubus-reis, mesmo voando do alto, olhando a catastrófica cena lá embaixo, apenas com uma piscada de olhos conseguiam fazer este ou aquele urubu, largar ou grudar um determinado pedaço de carne podre. E conforme o sol foi esquentando a carne foi ficando mais fétida, e por conseqüência, mais apetitosa às aves de rapina que se recusaram a largar o monte pútrido.

O pobre ser que originou tamanho monte de carne deteriorada, impossível de ser reconhecido devido a desfiguração do que um dia pudera ser, ao menos em pensamento ou filosofias sacramentadas pela história da evolução natural de todos os seres, agonizava agora aos bicos esfomeados das aves de rapina. O grupo de urubus mais poderoso ficou com o pedaço gordo e suculento; os urubus fortes ficaram com a musculatura e os urubus menores ficaram com a carne mais magra.

Os ossos desta hedionda figura imaginária e impensável jazem agora no seio da terra. Adubam um torrão de chão de onde germinará as verdes folhas da esperança. Sim. Pois as sementes foram jogadas antes mesmo dos urubus chegarem à carniça. Crescida, a árvore do desenvolvimento alimentará em seus frutos uma grande comunidade de trabalhadores que lavrarão essa terra protegidos pelas ramagens da segurança, sob a sombra da paz. Porque nesta forquilha que gera o cabo do Machado há uma gente que, 'ainda', olha para o chão com medo de pisar a estrada. Mas quando aprender a olhar para adiante descobrirá que sabe voar, não como os urubus, mas sim como o pombo-mensageiro de boas novas para todos os outros seres que vivem debaixo das outras árvores da Floresta.

Quando o dia amanheceu eu fui jogar no bicho. Joguei no boi, mas deu carneiro... vai entender...

Um comentário:

Anônimo disse...

Nem eu entendi.. Só sei que deu fome.... hehehehe..... Um naco de carne gorda assadinho.... hummmmmm

Fernando (O Sumido)