Apesar de tantas maldições, continuamos em busca da Bênção

Foto: Arnaldo B. T. Martins

Não é uma questão de querer apenas ‘vender o meu peixe’, é mais uma questão de ‘puxar a sardinha para o meu prato’. Se eu não tiver consciência da importância e do valor do meu trabalho, outro é que não me os darão.

Não estou cobrindo todo o campeonato estadual de futebol; nem se tivesse condições faria isso, já que acredito que o futebol profissional de Rondônia ainda terá de caminhar milhares e milhões de milhas para chegar ao ponto de ter no seu encalço uma Imprensa descompromissada que o reconheça verdadeiramente, até porque, para começar, se o empresário Acir Gurgacz não patrocinasse o transporte de todos os atletas da primeira e da segunda divisões, através dos ônibus da Eucatur, Rondônia nem teria Campeonato.

O CAP literalmente vai mal das pernas, apesar de a Câmara de Vereadores de Pimenta Bueno ter autorizado, em caráter de urgência, ao Prefeito Augusto Plaça que liberasse dinheiro para ajudar a socorrer o time da cidade, para que não seja rebaixado. Se for liberar, ou não, já é outra conversa.

O CAP ganhou apenas um jogo até agora. Perdeu todos os outros por placares assombrosos, 10, 13, 8 e por aí vai. Até o site da Globo chegou a mencionar o time de Pimenta Bueno na disputa para ser o pior do Brasil este ano. Os times adversários balançaram as redes do CAP 64 vezes até a décima primeira rodada.

Mas nada disso importa. O que importa é que ainda tem gente que gostaria de ver o time da cidade permanecer na Primeira Divisão, ao contrário de até mesmo alguns atletas inscritos para defender as cores do Pimentense, que somem do hotel, não comparecem aos treinamentos e ficam estáticos ao entrar em campo diante do adversário. Ao contrário destes, alguns como o próprio treinador, Professor Carlão, vereadores Celso Bueno e Professor Régis, eu que até acompanhei o time a Porto Velho para anotar dez gols marcados pelo Gênus e um marcado por Podolski em favor do CAP, Mecias Flores da Digicell Celulares, o próprio ex-Presidente Rubens Gomes da Silveira, o Mane da Sena, que não importa o que digam, o que não podem negar é que ele é outro abnegado, e alguns outros que se dão ao enfado de irem ao estádio ver o seu time sofrer derrota em cima de derrota, teimam em acreditar que a esperança é a última que morre, e se esquecem que um dia ela morre de qualquer jeito.

Contudo eu quero falar da minha parte, porque foi nisto que me propus ao começar o texto. Pimenta Bueno é uma cidade que está longe de ter a mínima noção do seu potencial, seja no setor que for, porque nossa sociedade é formada de mulas carregando pesadas cargas com um tapa-olhos amarrado no meio da cara, enquanto meia-dúzia de pessoas chega o chicote nas costas da maioria, ou seja, tem gente que te joga uma migalha para encher a boca na hora de falar que está te ajudando, e te cobra, e te cobra, e te cobra num círculo vicioso que parece não ter fim, fora aqueles que usam dessas mesmas migalhas para te humilhar como acontece com freqüência.

Nem o VEC, líder invicto do campeonato estadual e que já entrou para a história do futebol de Rondônia, teve a cobertura que o CAP teve; e lembrem que eu disse que não cobri todos os jogos. Mas o site estava lá em algumas partidas com o devido apoio da Digicell Celulares e da JM Informática, como fiz questão de divulgar.

O vereador Professor Régis está numa luta desmedida para defender um dos projetos mais ousados feitos na Casa de Leis de Pimenta Bueno: o Centenário da História local. E sabe por que o projeto pode não dar certo? Porque grande parte da nossa sociedade é hipócrita e não consegue lançar um olhar além do próprio umbigo; empresários de fora instalados na cidade geram meia-dúzia de empregos e levam daqui seus milhares e milhões, ferrando com a Administração Municipal ao passarem o dia inteiro enchendo o saco do Prefeito suplicando a redução de impostos. Está certo o Professor Régis quando diz: “As pessoas mais notáveis de Pimenta Bueno vão embora porque ninguém lhes estende a mão, ou valoriza o seu trabalho. É mais fácil um estranho ganhar dinheiro aqui, do que um profissional local, que é desvalorizado e ridicularizado diariamente”, diz ele.

Professor Carlão é que está certo: “Essa cidade só sabe ferrar as pessoas que acreditam nela”, desabafa manifestando a terrível insatisfação de ver a sua empresa diante da Marginal da BR 364 emporcalhada pela lama e pela poeira. “Não tenho mais tesão em costurar uma camiseta, porque um monte de gente ao invés de somar com você, quer te ver indo para o buraco; te põe na justiça por causas trabalhistas que na prática não existem; te ridicularizam quando você manifesta o interesse de ajudar, e sentem prazer em ver tua desgraça”, desabafa Carlão.

O PBURGENTE foi o primeiro Jornal Eletrônico de Pimenta Bueno. Rastejou por dois anos e meio. Este ano, finalmente, algumas pessoas entenderam a importância do nosso trabalho ou, se não entenderam, pelo menos compraram a nossa prestação de serviços e o nosso espaço pelo preço que pedimos.

Quero fazer de tudo para dar a minha parcela de contribuição para que Pimenta Bueno se livre dessa maldição infernal de não valorizar seus próprios valores; sua própria história; sua própria gente. Teimo tanto que vou conseguindo existir apesar dos ataques do inferno. Tenho Fé em um Deus que tudo pode, e sei que Ele tem um propósito especial para esta cidade, ou então ela não seria tão alvejada assim pelos demônios.

Por isso mesmo vou deitar daqui a pouco para dormir, e sei que amanhã, quando acordar em um novo dia, novas propostas estarão sendo discutidas em busca de novos horizontes, porque assim como eu que me dou ao trabalho de acompanhar o CAP até Porto Velho, numa viagem de mais de mil quilômetros sem receber nenhum centavo de remuneração por este importante trabalho de cobertura, existem outras pessoas, trabalhando, orando, respeitando, sendo verdadeiras, elaborando projetos, e acima de tudo, sonhando, deixando no ar a clara evidência de que nem tudo ainda está perdido: vale a pena continuar!

Mas antes de encerrar definitivamente este texto, tenho uma mensagem especial ao Professor Carlão, Treinador do CAP, e que ele vai saber apenas se ler o texto até aqui, a menos que alguém leia e comente com ele: “Carlão, Deus existe sim e tem um grande projeto na sua vida; talvez, o mais audacioso de Pimenta Bueno. E te garanto que não é com o futebol ou com o handebol de onde você já nos deu a alegria de estar entre os quatro melhores do Brasil nos jogos escolares. Deus tem para você, meu verdadeiro amigo, um projeto de salvação através do seu testemunho, porque você é o Homem mais teimoso que já conheci nesta cidade. Sabe Carlão, homem nenhum vai reconhecer em Pimenta Bueno que o atual ‘pólo de confecção’ se originou com a sua teimosia em permanecer com a C&R Estampa; desista disso. Deus tem outra coisa pra você nada há ver com tudo o que você fez até hoje, sabe por quê? Porque você nasceu para salvar almas do inferno, como essas almas que você vê diariamente dentro das suas empresas, dentro do time que você treina, e dentro da cidade onde você mora. Você é um líder Carlão, mas não de homens: você é um líder de almas, e eu tenho certeza que as escamas vão cair dos seus olhos para que você contemple a Luz, porque você nasceu para a Luz, e não para esse inferno para onde querem nos empurrar diariamente. Te falo essas palavras com a autoridade de um líder de almas que vê nas suas mãos o cajado do pastor de um imenso rebanho. E sabe o que é mais sério nessa história? É que tudo isto que eu disse é verdade, e que para que tudo isso se cumpra você terá que ter a atitude mais radical da sua existência até agora: a sua rendição ao Senhor da sua alma para que a Luz d’Ele, através de você, resplandeça sobre toda essa treva do inferno. Pode contar comigo.”