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sexta-feira, 15 de maio de 2009

Até que ponto estamos preparados para o Pacífico?

Rondônia é o Portal de saída para o Pacífico. Este fato está comprovado com a viagem que o governador Ivo Cassol está realizando neste momento liderando uma comitiva de caminhonetes que já saiu do Brasil e está cruzando os Andes no Peru.

Então toda essa conversa de prosperidade e novos tempos passa, irrevogavelmente, por cima da BR 364. À partir disto é que questionamos: Até que ponto estamos preparados para o Pacífico? A capital Porto Velho, totalmente desestruturada, recebe seus milhares de trabalhadores por decorrência das usinas do complexo Madeira. O caos urbano ainda não reinou, mas se aproxima perigosamente da população que enfrenta problemas com hotéis, restaurantes, pousadas, casas para alugar, escolas, postos de saúde, hospitais, ruas esburacadas e trânsito caótico.

A região do Cone Sul rondoniano começa a despontar com a produção de soja. Esta produção é uma das que deverão se utilizar desta ‘saída para o Pacífico’, atravessando todo o Estado sobre o leito da BR 364. Mas o que dizer de trechos como o entre Cacoal e Presidente Médici? Um trecho historicamente conhecido pelo precário asfalto que, apesar de receber dezenas de reparos, cada vez fica pior?

O que dizer do asfalto que liga a BR 364 aos municípios de Colorado do Oeste e Cerejeiras, onde a produção de soja de Rondônia se encontra em franco desenvolvimento? Neste trecho além do asfalto altamente deteriorado pelas ações do tempo, a rodovia é estreita, cheia de curvas perigosas que sobem e descem, onde um fila quilométrica de carretas se estende, proporcionando um cenário propício a acidentes e mortes.

Acredito, pessoalmente, que a viagem do senhor excelentíssimo governador Ivo Cassol ao Pacífico, liderando uma frota de caminhonetes, além de servir para gerar excelentes diárias à sua equipe, serve também para promover mais a imagem do seu vice-governador, Cahula, ao governo do estado na próxima campanha, já que o assunto mais comentado por ocasião desta viagem foi a posse do vice à frente do cargo mais importante do Estado.

Isto não quer dizer que a viagem não valha a pena ou que todo o projeto do Pacífico não seja importante. Quero apenas dizer que, mais uma vez, como tudo o que acontece no Brasil, as coisas vão acontecer sem um planejamento antecipado, onde essas obras apareçam sem assolar as sociedades, a população, de forma desorganizada, precária e impactante, como está acontecendo em Ji-Paraná com a duplicação da ponte sobre o Rio Machado, e como está acontecendo em Pimenta Bueno com a paralização das obras dos viadutos e Marginais da BR 364. Melhor dizendo, talvez até tenha havido, em algum lugar, um planejamento, mas que com certeza não foi fomentado para se tornar realidade concreta, literalmente, no que diz respeito a estruturação urbana, comercial e pública, de forma satisfatória, para atender a crescente demanda.

Somos um Estado com um grande passado histórico abandonado pelo governo. A RO 425 que dá acesso da BR 364 a Guajará Mirim, o ponto turístico mais visitado de Rondônia na divisa com a Bolívia, passa sobre os trilhos e as pontes de ferro da extinta estrada Madeira Mamoré, um marco na história da região Norte do Brasil, abandonado pelos governos estadual e federal. Como se não bastasse o descaso com os trilhos e as pontes, o asfalto está quase intrafegável, onde centenas de veículos, geralmente com viagens turísticas, passam diariamente. Trata-se de uma estrada esburacada, estreita, sem acostamento, cheia de mato e sem sinalização. Um caos.

As máquinas atravessaram os trilhos da lendária Madeira Mamoré, com suas pás arrancando os dormentes e os trilhos para passarem com as linhas vicinais de Porto Velho e Guajará Mirim, num claro sinal de desprezo pela própria história. Sem a Madeira Mamoré, Porto Velho e Guajará Mirim não seriam as mesmas, ou talvez, fossem pequenas vilas no fim da BR 364 em Rondônia.

Não quero ficar massacrando o Governo de Rondônia dizendo que ele não faz nada. Para os da situação que possam me julgar, digo que este Governo está entre, ou é o que mais fez por Rondônia em toda sua existência territorial, mas comete o grave crime de não se preocupar com a história do Estado e com o turismo local. Vive de fazer grandes obras, e que são bem vindas sim, mas poderiam conviver harmonicamente com a preservação dos poucos patrimônios históricos que este vasto chão ainda preserva de alguma forma.

Indo para Guajará Mirim passamos bem próximo as duas usinas do Madeira: Santo Antônio e Jirau. Quando isto tudo estiver fervendo pra valer, o que será da nossa história? Estaremos escrevendo um novo capítulo sem antes terminar o que já foi começado. A Madeira Mamoré não acabou. Seus restos mortais ainda conduzem veículos e pessoas de um lado para o outro de alguns rios. Ainda resistem para que as pessoas que por ali passem, contem suas próprias histórias inserindo em seus parágrafos os ferros carcomidos pelo tempo da velha e boa Madeira Mamoré. Será que estamos preparados para o Pacífico, quando não damos conta nem de preservar e atualizar uma velha estrada de ferro?

Êstes são apenas questionamentos de um leigo observador.

2 comentários:

Anônimo disse...

Dado, leio diariamente as matérias postadas no site pbuegente, bem como no seu diário do Dado, parabéns pelo seu trabalho!! As vezes es tendencioso a "puxar a brasa para sua sardinha, no que diz respeito ao site", mas se não fizeres isso, quem é que vai fazer, não é? Quero que saibas que contribui e muito para os leitores. Lamentavelmente, a maioria do público ainda não se deu conta da importância que tem o Pburgente, para Rondônia e principalmente para Pimenta Bueno.

DADO MARTINS disse...

MUITO OBRIGADO ANONIMO... SÃO COMENTÁRIOS COMO ESSE QUE NOS MOTIVAM A PROSSEGUIR NESTA DURA EMPREITADA...