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quinta-feira, 18 de junho de 2009

FENAJ coloca jornalistas diplomados acima da experiência e do trabalho de quem não pôde se formar

Arnaldo B. T. Martins

Em Nota publicada nesta quinta-feira (18), a Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ, disse que são “milhares de profissionais que, somente através da formação, da regulamentação, da valorização do seu trabalho, conseguirão garantir dignidade para sua profissão e qualidade, interesse público, responsabilidade e ética para o jornalismo”.

É indiscutível que os conhecimentos adquiridos com o curso de nível superior na área do jornalismo são fundamentais ao bom desempenho da profissão, mas será que os anos debruçados, inicialmente em cima da máquina de escrever, depois do computador e mais recentemente do notebook não contam nada? Será que os grandes jornalistas do passado, que fizeram história no jornalismo brasileiro, eram todos formados? Acredito que nem todos.

Eu, Arnaldo B. T. Martins, que não estudei curso de nível superior, não sou o melhor jornalista do mundo, mas estou mil anos luz adiante dos piores. Será que apenas os jornalistas diplomados “conseguirão garantir dignidade para sua profissão e qualidade”? Meu site, por exemplo, segundo opiniões dos leitores, diplomados ou não, é um site digno e de qualidade. É o primeiro jornal eletrônico de Pimenta Bueno que completará três anos no ar em novembro próximo.

Para chegar até este ponto, que ainda é um mero começo, foi preciso trabalhar muito, mantendo o compromisso da informação ilibada e, claro, dignidade e qualidade. Do contrário o proprietário teria continuado Servente de Pedreiro. Sim, Servente de Pedreiro, que apesar de ser obrigado a ter conhecimentos técnicos básicos a respeito da sua profissão, trabalha sem formação superior.

Será que são apenas os diplomados que têm, ó Deus, a ‘suprema’ capacidade de atender o “interesse público”? O que tenho feito nesses quase três anos se não atender os interesses do crescente público que acessa minhas palavras escritas todos os dias?

Será que são apenas os jornalistas diplomados pela faculdade que recebem, no ato de sua diplomação, o Dom Divino da “responsabilidade”. Não acredito que venho conseguindo manter um veículo de informação que nasceu em Pimenta Bueno e se expandiu para a credibilidade de autoridades de toda a região, sem nenhuma responsabilidade, até porque não sou formado em nível superior.

Será mesmo que o meu trabalho está pautado na falta de ética para o jornalismo, uma vez que apenas os jornalistas diplomados recebem esta graça? Acho que não.

Ninguém vai ler uma única palavra de minha autoria desmerecendo os altos investimentos que os jornalistas diplomados fizeram durante seu tempo de estudo para conquistarem seu canudo, mas não vou admitir ser pisoteado por esta classe de 80 mil profissionais brasileiros por não ter tido condições de estudar do mesmo jeito.

Suas conquistas e legado estão encravados nos anais da nossa história, e é por isto mesmo que o seu espaço foi conquistado com lutas e galhardia, mas o mínimo de retribuição que podem dar em respeito por nossa admiração é o espaço pelo qual também lutamos neste gigantesco país de extremas diferenças sociais, onde um fator importante iguala os seres pensantes: o pensamento.

Os diplomados pensam com suas técnicas; eu penso com a minha vida, meu trabalho e com tudo o que absorvo diariamente numa busca ininterrupta por conhecimentos variados, ao contrário da maioria dos jornalistas que já se formaram, e que por isto mesmo acreditam que sabem de tudo, e que de mais nada precisam para sobreviver aos augúrios desse mundo cão.

Eis aqui o meu pensamento a respeito da Nota publicada pela FENAJ. Será que devo ser preso por expressar com dignidade, qualidade, responsabilidade e ética o meu livre pensamento, apenas por não ter um diploma pendurado na parede? Eis aqui o meu pensamento escrito e publicado: em que me diferencio do jornalista diplomado, a não ser pelo canudo? Em nada.

Posso não contar com as sofisticadas e atualizadas técnicas de redação jornalística, mas talvez, mesmo se as conhecesse, poderia preferir continuar escrevendo do mesmo jeito, até porque quem manda na minha escrita são, em primeiro lugar, os meus leitores, pois através de um texto descomplicado conseguem entender o meu pensamento.

Minha base para o trabalho com a informação é a experiência e o conselho de antigos profissionais que merecem ser ouvidos nesta área, como Benê Barbosa, atualmente em Rolim de Moura, e Rubens Gomes da Silveira, que dentre outras maluquices foi Presidente do Clube Atlético Pimentense – CAP. Adquirir esta experiência me gerou custos, tempo, dedicação, esforço e muito, mas muito trabalho, de forma que me sinto no direito de, pelo menos ter a liberdade de externar, com palavras escritas, o meu pensar. Não me condenem por isto.

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