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segunda-feira, 29 de junho de 2009

Terra e Marte

Arnaldo B. T. Martins

Devo voltar a Pimenta Bueno nesta quarta-feira. Estou em Londrina para ficar perto da esposa, Rafaela Del Negri. Ela ficou mal e tivemos que viajar meio que às pressas. O pior já passou e vamos retornar. Nosso filho João Gabriel, que completou 11 anos em companhia dos familiares aqui em Londrina, resolveu por si mesmo ficar com a tia e as primas. A gente vai... ele fica. É a vontade dele e, como um excelente menino em fase de crescimento, pensamos ser um a boa oportunidade para que ele cresça ainda mais dando importância aos valores de sua existência. No final do ano a gente volta.

Pimenta Bueno e Londrina são dois planetas que orbitam na mesma galáxia... mas como a Terra e Marte são completamente diferentes... nessa ficção, Pimenta Bueno é Marte e Londrina, a Terra. Entretanto a gente vai voltar porque os marcianos também nos deram oportunidades que não podemos simplesmente desprezar. No dia em que saí de Pimenta Bueno um vereador me pediu para “não jogar para cima as conquistas alcançadas a duras penas e muito trabalho”. É isto que estou fazendo.

Não sei se as pessoas que acredito serem meus amigos acreditam verdadeiramente no meu trabalho. É por ele que volto; é pelos compromissos assumidos com empresas e pessoas. Depois de tudo o que aconteceu dá vontade de ir embora; dá vontade de morar em Londrina.

Fio ao Sebo Capricho comprar um livro. Comprei mais de dez. eu precisava do livro “Xógum – A gloriosa saga do Japão”. De Pimenta Bueno procurei na Internet. Encontrei um exemplar usado a R$ 35 reais. O frete ficava em R$ 40. entretanto, o único exemplar usado que encontrei no Sebo me custou apenas R$ 10 reais. Ganhei a viagem. O exemplar deste livro que eu tinha em Rondônia teve as últimas 150 páginas comidas pelos cupins, de forma que só pude 700 páginas e não saber o final da história.

Mas não importa. O que importa é que comprei dois livros sobre ética no jornalismo na mesma semana em que o Supremo Tribunal Federal me isentou de apresentar Diploma para justificar minha atual função de jornalista. Então comprei os livros para adquirir mais conhecimento a respeito do assunto. Comprei filosofia e algumas outras futilidades.

Na mesma livraria ouvimos MPB ao vivo e ao som de violão e a voz marcante do cantor cuja pessoa não perguntamos o nome, aliás, não estávamos, eu e Rafaela, a serviço e sim, às compras. Na mesma livraria saboreamos um delicioso café expresso e esfirra com massa legitimamente árabe – pelo menos é o que dizia o anúncio em frente a estufa de salgados brasileiros.

Sabe, em Pimenta Bueno a gente não faz nada disso. Não temos livros usados para comprar. Não os encontramos por nada. Os locais que vendem livros novos não tem o que oferecer, a não ser meia dúzia de títulos dos mais vendidos na atualidade. Um caos. Uma falta de informação interminável. Ah sim, temos Internet, mas vocês têm que entender que o livro jamais será banido, o papel jamais deixará de ser produzido, de forma que esse conhecimento palpável sempre será uma necessidade de primeiro gênero para quem realmente quer saber mais.

Irônico para quem trabalha com Internet falar assim dos livros. Mas é real. Fazer o quê?

Tenho alma entranhada nas terras de Pimenta Bueno, mas tenho um coração batendo triste dentro do peito, não pela cidade, não pelas pessoas, mas pela frustração, talvez própria, talvez causada pela falta de valorização, talvez, por algo inexplicável.

Mas estamos voltando; estamos indo para casa. Sem o filho. Mas, como disse, ele está bem; nós estamos razoavelmente bem. Tudo ficará como deve ser... conforme a Vontade Superior que foge da nossa compreensão.

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