PUBLICIDADE

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Eu em Segundo Plano

Qualquer coisa a mesma coisa!
Vale alguma coisa que não vale nada?
Vale a pena tentar quando se acredita
Que alguma coisa possa valer a pena.
Mas não é a pena algo tão banal?
A pena não é banal quando se pega
Trinta anos de reclusão sem direito a fiança.
E a confiança vale a pena de alguma coisa?
Não vale quando é traída, quando é trocada
Por outra coisa que não vale a pena.

E você tem pena de quem não vale nada?
Se eu pudesse mataria todos
Nem que fosse de raiva... nem que fosse beliscando.
Não tenho pena de quem não tem pena de mim;
Não tenho pena de quem não liga pra mim;
Não ligo pra ninguém que não tem pena de nada...
Pena que não tenho muita coisa pra oferecer
A não ser essa mania de escrever
Que não perco nunca; que não larga de mim;
Que não me esquece. Quando esqueço
Ela me lembra que faz tempo que não escrevo...
E cá estou eu novamente navegando em águas turvas
De um mar tenebroso que não tem pena de mim.

Você está muito dramático...
Drama você veria se eu socasse aquela guiria
Na cara... mas não posso... sou limitado...
Todos me limitam... Deus me dá liberdade
E um monte de limites... as Leis me limitam...
As de Deus e as dos Homens...
As primeiras são difíceis, as segundas são inúteis.
Ninguém é livre para ir e vir
Quando não se pode jogar papel na rua.
Eu não jogo papel na rua porque quero a rua limpa,
Mas isso não quer dizer que eu não poderia, por Leis...

Quando eu estudava na escola
As professoras de Português gostavam de mim.
Quando parei de estudar sem motivo aparente
Com o passar dos anos elas foram se entristecendo
Porque quando me olhavam viam um grande Poeta
Sem o Curso Superior relacionado à esta área...
Mas eu não gosto de canudo, a não ser no suco de goiaba.

Esse gosto de pimenta mofada não me larga
Essa cidade é triste, mas é minha felicidade...
Quanta sacanagem fazem nessas ruas sem iluminação pública...
Quanta sacanagem fazem sobre as mesas dos gabinetes...
Quanta sacanagem fazem com as Leis que não punem ninguém...
Quanta sacanagem fazem com o meu direito de ir e vir...
Quanta sacanagem fazem com a minha liberdade de escrever...

Quanta sacanagem fazem... só eu não faço nada...

E você não tem pena de si mesmo?
Não tenho pena nem de ti, oh eu em segundo plano...
Não tenho pena nem de ti, oh voz que cantarola...
Não tenho pena nem de ti, oh desconhecida vocálica
Que adentra minhas cavernas auditivas...
Não tenho pena nem de ti, oh mente insana...
Não tenho pena otário... não sou galinha, tampouco galo...
Se fosse bicho de pena, seria urubu...
Ninguém me encheria o saco
Ou cheiraria minhas penas...
Só do urubu eu tenho pena...
Porque ele é flamenguista...

Quem não tem pena não escreve Poesia...

Pimenta Bueno, 1 de novembro de 2008

Nenhum comentário: