PUBLICIDADE

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

O motorista que bebe vai andar mais duzentos metros para beber do mesmo jeito

Representantes do Comércio de Rondônia vão se reunir hoje (30), em Porto Velho, de acordo com o Jornal Folha de Rondônia, para discutir a proibição da venda de bebidas alcoólicas às margens da BR 364, fruto da MP 415 assinada recentemente pelo Presidente Lula. Mas a questão, analisada sob vários aspectos, é mais complicada do que se possa imaginar, porque milhares de trabalhadores no Estado de Rondônia mantém a rotina de suas vidas pautada em lanchonetes, restaurantes, churrascarias e, até mesmo, em bares localizados às margens da BR 364, principalmente dentro do perímetro urbano dos municípios cortados pela grande rodovia.

Em Pimenta Bueno, por exemplo, vamos começar vindo de Vilhena para Porto Velho: quantos estabelecimentos do gênero devem haver no Marco Rondon? O que vai ser do Caipirão? Já entrando na cidade, o que acontecerá com a lanchonete do Posto União? O que vai acontecer com o restaurante do Posto Simone? O que será da grande churrascaria do Posto Pimentão? E a mais famosa Conveniência de Pimenta Bueno no Posto que leva o nome da cidade, bem no Centro? E, finalmente, quantos funcionários deverão ser demitidos no Auto Posto Itaporanga, com certeza, o mais renomado da Região?

Não quero dizer que todos os estabelecimentos comerciais relacionados acima dependem exclusivamente da venda de bebidas alcoólicas (será que o depósito da Skol em Pimenta Bueno vai ter que mudar de endereço?), ou que sou a favor de todo mundo bêbado. Mas também, estes locais não sobrevivem apenas das vendas feitas aos viajantes, caminhoneiros, etc. Eles atendem a sociedade local que almoça, janta e toma sua bebida. Aliás, grande parte do movimento do auto Posto Itaporanga, por exemplo, é da sociedade local e de Espigão do Oeste, que quando quer almoçar fora, vai ao Posto por ter a oportunidade de comer em um dos melhores restaurantes e churrascarias da Região.

Bebida e direção não combinam. Esta é uma máxima inegável, contra a qual não existe argumento. Mas há de se levar em consideração as empresas localizadas às margens da BR 364, e que, entretanto, atendem mais a sociedade local do que caminhoneiros. Os acidentes causados pelo uso de bebidas alcoólicas no trânsito e na estrada estão no topo da lista das causas. Contudo, a culpa é do motorista que bebeu, ou é do comerciante que vendeu?

Os motoristas estão ‘carecas’ de saber que não devem beber quando vão dirigir. O dono do estabelecimento comercial pode não conhecer quem é motorista e quem é da cidade. Portanto, leis mais rígidas deveriam ser aplicadas, inclusive com multas salgadas e prisões sem fiança, de pelo menos seis meses em regime fechado, aos motoristas que insistem em descumprir a lei. Por isso mesmo nunca deixarão de beber antes de dirigir, primeiro porque são dependentes alcoólicos, e portanto doentes, depois porque sabem que a punição cairá em todo mundo, menos neles. Quantos motoristas que foram flagrados embriagados ao volante estão presos hoje? Quantoa homicídios acidentais foram cometidos por motoristas bêbados, e quantos destes motoristas estão cumprindo pena em alguma cadeia?

Vários artistas da TV e jogadores de futebol se envolvem em acidentes causados por embriagues todo ano. Quantos deles estão presos? Nenhum! Paga-se uma pequena multa e tudo bem: vamos encher o caneco novamente.

Por que o Governo, ao invés de perseguir proprietários de restaurantes, lanchonetes e churrascarias, que por conseqüência vão ter que demitir funcionários, não trabalha no sentido de ser mais rígido com os motoristas? Sim, porque não custa nada dobrar uma esquina e tomar todas a duzentos metros da BR. Qual a diferença? Não vai dar na mesma? O motorista que bebe na estrada ou na rua não vai deixar de beber porque os estabelecimentos comerciais estão funcionando mais longe da BR. Vão beber, vão continuar matando, vão continuar morrendo... apenas, o comércio terá menos empregos e muitas empresas poderão até mesmo, fechar as portas.

Uma grande alternativa ao Governo é aumentar o efetivo de fiscalização, e fomentar a aquisição de equipamentos mais modernos que possam identificar, de maneira eficiente, os beberrões que insistem em dirigir depois de vários goles. Com a aplicação correta das multas o Governo estaria tirando do bolso desses bêbados, através de multas e pesadas fianças (em alguns casos), o dinheiro para pagar seus fiscais e equipamentos. Logo, em detrimento do trabalhador, deixar sem punição o motorista que vai procurar outro lugar para beber, já é demais. Dado Martins.

Um comentário:

Anônimo disse...

Com a quantidade de botecos e bares que há próximo à Br 364, (JA DERAM UMA OLHADA NA RICARDO FRANCO E DOM PEDRO II ??? } essa lei não adianta nada, esses bares e botecos na maioria das vezes camuflam a venda de drogas e instigam a prostituição...BARES E BOTECOS QUE FUNCIONAM GRAÇAS A AUTORIZAÇÃO DA PREFEITURA QUE SÓ PENSA EM ARRECADAR.
E Pimenta tem alguem político preocupado com isso ???