Ontem (20), estive mais uma vez no Arraial do Cajueiro no município de Parecis, há 90 quilômetros de Pimenta Bueno, na Linha 70, onde comprovei (com meu filho João Gabriel), que as famílias sem-terra continuam chegando para acampar na estrada, a fim de esperarem por uma resolução do INCRA quanto ao direito de posse das terras. São 40 lotes de 21 alqueires. Segundo o líder do agrupamento, Adevanir, o Deva, na próxima semana as 40 famílias correspondentes aos lotes deverão estar acampadas no local.
Encontramos cinco famílias na altura da linha 65, no antigo Morro do Sabão, que iam com suas tralhas em cima de um pequeno caminhão. Deva que acompanhava a mudança das famílias para o Arraial do Cajueiro, voltou a afirmar que o movimento é pacífico, e que todos querem apenas retomr a posse dos lotes, onde o plantio realizado até o ano passado produz seus frutos no meio do mato.
As histórias no local são as mais variadas e repletas de sofrimento por parte das famílias que querem a posse dos lotes, sob o argumento de que o antigo proprietário da área, com mais de 800 alqueires, nunca fez obra sobe o chão, tendo sido, conforme informações dos sem-terra mais antigos, desapropriado pela Justiça, e reapropriado depois, quando as famílias foram despejadas no ano passado.
São muitos os relatos sobre visitas da Polícia Federal há alguns anos, que além das armas de fogo, geralmente usadas para a caça, apreendeu também facões, foices e machados, essenciais para a lida no mato. Muitos relatam também que, depois que o ex-secretário de estado do Meio Ambiente, Cletho Brito, assumiu a pasta, "a polícia, conforme dizem, melhorou bastante o trato com os sem-terras no local", especialmente a polícia de Parecis, que realizou várias incursões na Linha 70. Brito se afastou da SEDAM recentemente para fortalecer sua pré-candidatura a deputado estadual.
O PBURGENTE pretende acompanhar integralmente cada passo das movimentações realiadas no Arraial do Cajueiro. No decorrer desta semana estaremos voltando ao local para conferir mais uma vez o acampamento, que segundo a liderança, deverá contar com, pelo menos, trinta barracas armadas.
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